Saúde alerta pais e responsáveis para risco de lesões pulmonares causadas por cigarros eletrônicos
Dois adolescentes de Linhares estão em tratamento no Programa Municipal de Controle do Tabagismo no Núcleo de Atenção às Políticas de Saúde (Naps), órgão vinculado à Secretaria de Saúde, para abandonar o vício no cigarro eletrônico. Conhecido popularmente como ‘vape’, o dispositivo virou febre entre os adolescentes e preocupa os especialistas em Saúde.
Ao contrário do que a maioria das pessoas acreditam, o cigarro eletrônico contém alto teor de nicotina, assim como os cigarros comuns, entre outras substâncias danosas à saúde, especialmente aos pulmões, explica a diretora do Naps, Kessy Bonicenha Brunetti.
“Alguns fatores explicam a popularização desse dispositivo. Um deles é a crença da ausência de nicotina, o que não é verdade. Sua aparência moderna e a falta do cheiro característico dos cigarros comuns, que incomoda as pessoas, tornou o cigarro eletrônico socialmente aceito em vários locais, uma aceitação muito rápida, principalmente entre os adolescentes e os jovens, e isso nos preocupa”, disse Kessy.
A diretora ressalta ainda que o cigarro eletrônico pode causar danos significativos em poucos meses. “Inflamação pulmonar, causadora do que chamamos de pneumonites, atinge toda capacidade respiratória do usuário, câncer de pulmão, entre outras patologias, de forma bem precoce”.
É o caso de um dos adolescentes em tratamento no Naps. O jovem chegou ao Programa da Prefeitura encaminhado por um pneumologista que identificou comprometimento pulmonar significativo após pouco tempo de uso do cigarro eletrônico.
A mãe do outro adolescente em tratamento, que prefere não se identificar, procurou o Naps assim que soube dos malefícios do cigarro eletrônico. Há três meses fazendo acompanhamento, o jovem de 17 anos não sente mais vontade de fumar. Também não sente mais falta de ar e dor no peito que tinha antes do tratamento.
“Quando descobri que ele fazia uso desse cigarro, fui pesquisar e descobri que o nível de nicotina era muito alto, fora outros produtos químicos, e busquei ajuda o mais rápido possível. No Naps fui acolhida e atendida rapidamente. Lá também recebi várias orientações que me ajudaram. Atualmente ele está super bem, me disse que não tem mais vontade de fumar. Hoje segue com atendimento psicológico e faz exercícios físicos todos os dias”, conta a mãe.
A secretária de Saúde Sonia Dalmolin, explica que o Naps está de portas abertas para receber e cuidar dos pacientes usuários do cigarro eletrônico, e faz um apelo aos pais e responsáveis, para que fiquem atentos quanto ao uso dos dispositivo entre os jovens e adolescentes.
“O Naps, por meio do Programa de Tabagismo, dispõe de profissionais capacitados para o atendimento aos dependentes do cigarro eletrônico, assim como do comum. Estamos prontos para atender. Porém, essa é uma situação que muito nos preocupa. O cigarro eletrônico está em todos os lugares e precisamos quebrar esse estigma de que não tem problema, que não faz mal. Alertamos pais e responsáveis para que fiquem atentos e evitem o contato precoce dos jovens com esse dispositivo tão prejudicial à saúde”, pontua Sonia.
Programa de Tabagismo
Kessy explica que o município oferece tratamento gratuitamente, por meio do Programa Municipal de Controle do Tabagismo. Para ter acesso ao serviço o paciente pode procurar ajuda direto no Naps, ou por meio do encaminhamento feito pelas redes pública ou privada de saúde.
No programa o paciente é acolhido e passa por uma avaliação. O atendimento é feito por uma equipe multidisciplinar composta por assistente social, psicóloga e médico. Os pacientes participam ainda de um grupo de apoio, entre os dependentes, para troca de experiências e de informações.
“O grupo de apoio é muito enriquecedor e ajuda no sucesso do tratamento do paciente, que muitas vezes tem recaidas”, salienta Kessy.
O Naps funciona na Unidade Sanitária de Linhares (USL), antigo Hospital Talma, no bairro Colina.
Saiba mais:
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que cerca de 70% dos usuários do cigarro eletrônico têm entre 15 e 24 anos.
No Brasil, a comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEF) são proibidas, por meio da Resolução de Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): RDC nº 46, de 28 de agosto de 2009.